quando

me tornei

produtora

O Festival NOIA surgiu nos corredores e salas do Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará, em 2002. Ainda não existiam cursos universitários de Cinema no Estado, o que fazia com que cursos de Comunicação, dentre outros, reunissem pessoas interessadas em trabalhar com Audiovisual e todas as suas possibilidades. Era o nosso caso.

Éramos um grupo formado por 4 estudantes - Angélica Emília, Ione Lindelauf, Júnior Ratts e eu, e decidimos fazer um filme com os poucos recursos e equipamentos que a universidade pública tinha naquela época. Nos dedicamos muito a este filme e quando nos inscrevemos no Cine Ceará daquele ano, não fomos selecionados para a mostra principal. Isso nos frustra e nos faz pensar sobre os espaços de difusão da produção audiovisual universitária no Ceará e no Brasil. Então iniciamos um contato com os poucos festivais brasileiros desta natureza que existiam na época e criamos o NOIA.


Sempre digo que o NOIA foi uma escola para mim, foi meu primeiro curso de produção. Não sabíamos como fazer, mas tínhamos o ímpeto e a vontade de criar um espaço de exibição que faltava para muitos estudantes como nós. Foi assim que nos comprometemos em realizar o NOIA primeiro e fomos atrás de saber como fazer isso depois.


Nossa inexperiência era, ao mesmo tempo, uma força e um risco. Aprender fazendo é maravilhoso, mas os aprendizados que resultam dos nossos erros são difíceis de lidar. Me lembro de várias sensações nos primeiros anos do NOIA: empolgação, desejo, inseguranças, alegria, dúvidas, força nas parcerias, conflitos de interesses, construção de amizades, sensação de que estava descobrindo o que queria fazer pro resto da vida. E foi exatamente isso que aconteceu comigo. Hoje sou uma trabalhadora do Cinema nascida e criada nos bastidores desse Festival.

APAN

Eu faço parte da APAN, que é a Associação de Profissionais do Audiovisual Negro, e considero importante divulgar a origem e ações dela.


Em 2015, 20 cineastas negres de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador entenderam a urgência e a potência de fundar uma organização para representar os interesses de profissionais negres no setor audiovisual brasileiro. O objetivo: resistir a um processo de negação de nossas existências, corpos, vozes e obras nos espaços de poder e de tomada de decisão e trabalhar pelo desenvolvimento das políticas públicas para o setor.


Para seguir numa construção histórica na qual nós negros somos essenciais para a existência da nação brasileira e sua produção audiovisual, compreendemos a importância de uma articulação política atenta a um debate racial, como fizeram também Zózimo Bulbul e Joel Zito Araújo.


Zózimo Bulbul – que encontrou no Cinema Novo a possibilidade de narrar o mundo a partir de si, ressignificando a imagem dos corpos negros por ele próprio – com sua obra-prima, o filme. “Alma no Olho” (1973) e no fim da década de 90, Joel Zito Araújo, cineasta negro e Doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP com sua tese  “A Negação do Brasil” – que analisa as estereotipias de representação ao negro (obra que também virou documentário)


A participação das mais de 950 pessoas associadas, acontece em uma  assembleia bimestral. Outro campo de atuação dos associados são os Grupos de Trabalho, que hoje somam seis, a saber: distribuição, formação, legislação, fomento, articulação e projeto que, de maneira autônoma e em diálogo direto com a representação institucional, constroem suas discussões e proposições.




As ações da APAN são ações em construção e reconstrução, são ações de escuta das demandas de seus associados e que estão atentas ao movimento de mercado e movimento de um país. Há lutas históricas no fazer cotidiano desta associação, mas há também ações que partem de uma resistência que desconhece a crise de um setor e reconhece a crise de um projeto de país e nação que nos violenta, silencia e mata diariamente e, dentro desta crise sistêmica, está também o setor cultural e audiovisual. Há, portanto, uma luta histórica e há, também, uma adaptação aos momentos políticos do país e do setor cultural; ao passo que há expansão, ampliação, há passos e pausas estratégicas para lidarmos com um olhar que identifique  retrocessos e silenciamentos, para restabelecermos negociações, para negarmos outras negociações.


Todas essas ações foram feitas, mantidas e atualizadas pela mesma missão de consolidar a presença de pessoas negras e nossas narrativas em distintos elos de ação e representação.


Quilombo é uma história, é uma palavra que tem história, afirmou Maria Beatriz Nascimento. Honramos, celebramos e seguimos construindo essa história como apan, como artistas, como povo negro deste país.


A APAN É A ASSOCIAÇÃO DE PROFISSIONAIS DO AUDIOVISUAL NEGRO

Textos retirados do site apan.com.br




sobre

a akan

Escolhi o nome AKAN pois sou uma mulher negra e comecei a me interessar pela história e filosofia africana. 


Os Akan são um povo da África Ocidental, que ocupam os territórios conhecidos hoje como Costa do Marfim e Gana. Em Gana, os Akan têm um conjunto de ideogramas chamados ADINKRA, que são símbolos tradicionais que fazem parte da oralidade e veiculam valores  ético-estéticos.



Adinkra são ideogramas africanos com os quais convivemos no nosso cotidiano, muitas vezes sem nos aperceber, e uma das formas de escrituras negras que se situam no amplo espectro das tradições orais africanas. Costumam estar estampados principalmente em tecidos e adereços e esculpidos em madeira ou em peças de ferro, como se  fossem  carimbos. Cada  um  dos  símbolos  possui  um  nome  e significado  que  pode  estar  associado  a  um  fato  histórico,  uma característica de um animal, a um vegetal ou a comportamento humano.

Escolhi o símbolo “Ananse Ntontan”, que é como uma teia de aranha e representa a criatividade e a sabedoria. É inspirado na figura folclórica Ananse, a aranha esperta que ensina lições de vida. Uma aranha pode ser encontrada no parapeito da janela e dias depois pode ter preenchido todo o espaço vazio com uma intrincada teia. Aí então, ela se desloca para qualquer ponto, descansa, move-se novamente e torna-se dona do espaço. Nenhuma outra entidade pode fazer o mesmo. Ela é a proprietária do espaço e dos muitos caminhos da teia.



Ao longo do tempo, o conjunto de símbolos sofreu alterações em relação aos seus usos, além do surgimento de novas figuras e se espalhou pelo mundo. Nesse sentido,  passou a ser utilizado também em contextos menos formais, como roupas de uso cotidiano, jóias, paredes, objetos, e chegaram ao Brasil também aparecendo nesses contextos. O que encontramos com mais facilidade é o Adinkra de nome Sankofa, geralmente em portões, grades, estampas e tatuagens. Este Adinkra simboliza um pássaro que olha para trás, e significa algo parecido com “volte e pegue” ou “voltar para buscá-la”, nos ensinando o valor de aprender com o passado para a construção do presente e do futuro. 


Essa história e simbologia inspiraram o nome e a marca da empresa. Minhas pesquisas sobre a história e a filosofia africana continuam.


Textos retirados de: 

https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/tecnologia-ancestral-africana-simbolos-adinkra/

http://claudio-zeiger.blogspot.com/2012/02/ananse-ntontan-simbologia-adinkra.html



O site da Akan foi possível com recursos da Lei Paulo Gustavo (2024), por meio do "Edital de Premiação Cultural, Fomento à Exibição, Preservação e Empresas do Audiovisual Cearense".

lei

paulo

gustavo

O Edital tinha como alguns dos seus objetivos estimular o empreendedorismo e a formalização na área de audiovisual; e fomentar os arranjos produtivos e criativos, desenvolvendo sua cadeia e contribuindo para o fortalecimento do setor audiovisual do Ceará.


Na categoria de "Apoio a Produtoras de Cinema e Audiovisual", a empresa devia comprovar trajetória e histórico de atuação relevante no setor audiovisual cearense em atividades relativas à produção e a necessidade de manutenção de despesas de desenvolvimento de seu próprio espaço ou de atividades audiovisuais vinculadas à respectiva área de atuação.

Uma das necessidades da Akan que foi atendida por esse Edital foi a criação de um site bilíngue e com recursos de acessibilidade. E uma comunicação consistente nas redes sociais que ampliasse os diálogos com a sociedade, os parceiros e a comunidade audiovisual cearense e nacional.


Fonte: Mapa Cultural do Ceará



como a akan realiza seus projetos atuais

A Akan realiza projetos próprios e em parceria, com recursos públicos e privados, e em alguns casos com recursos próprios.



O XD-11 está sendo feito desde 2022, de forma independente, com recursos próprios. O GORDAS foi aprovado na Lei Paulo Gustavo Ceará. AS GAROTAS DO FANTÁSTICO NÃO FALAM foi aprovado no Itaú Rumos 2023-2024. A série documental O ANO DELAS foi aprovada na Lei Paulo Gustavo Fortaleza. O GRANDE CIRCULAR foi aprovado no IX Edital das Artes de Fortaleza e a MOSTRA INTERNACIONAL DE ANIMAÇÃO DE FORTALEZA foi aprovado na Lei Paulo Gustavo Fortaleza.